Deus não é uma energia impessoal

As religiões orientais (que têm nos postulados da Nova Era a sintetização de suas crenças) e o liberalismo teológico possuem algo em comum. Ambos compartilham da crença de Deus não é um ser pessoal como demonstra a Bíblia (Is_42.8; Gn 1.1 ;Jo1.1; Sl20.1; Sl 30.2;Is 42.5;Mt 6.30; 22.30 etc).
Vejamos o que ensinam sobre algumas religiões e filosofia orientais:

SEICHO-NO-IÊ
“Não se tem uma noção clara sobre Deus. Ele é panteísta, uma vez que se encontra em cada pessoa, em cada coisa deste mundo" (Seitas Orientais Tácito da Gama).

MEDITAÇÃO TRANSCENDENTA
Essencialmente panteísta, assim como o hinduísmo. Deus é um com o universo" (Dicionário de Religiões, Seitas e Ocultismo).

NOVA ERA
Este movimento não tem o mesmo conceito de Deus que o cristianismo.
A primeira busca a Deus é dentro do próprio ser e no universo" (Dicionário de Religiões, Seitas e Ocultismo). Essa foi a razão que levou a atriz Shirley MacLaine a se colocar em frente ao mar e cantar: "Eu sou Deus, eu sou Deus, eu sou Deus". O bruxo indiano Sathya Sai Baba, guru da Nova Era, afirma que "você é o Deus deste universo" (John Weldon, 1988, pág.19).
Os exemplos poderiam ser muitos, mas esses já são representativos e atendem a nosso propósito: mostrar que o Deus dessas religiões ou filosofias religiosas não é o mesmo do cristianismo bíblico.

O Deus cristão é pessoal e se revela ao Homem

O Deus cristão é pessoal e se revela ao Homem, enquanto esse "deus" dessas correntes religiosas não passa de uma energia que vaga pelo universo. Dessa forma, é comum encontrarmos em consultórios, escritórios ou casas dos adeptos dessas crenças cristais, pirâmides e outros instrumentos de captação de energia com o fim de "canalizar" essa força que flutua no espaço.
Por ser um ser impessoal, que não exige a observância de princípios e normas morais, esse "deus", que pode ser canalizado e até mesmo engarrafado, é o preferido das celebridades e artistas de Hollywood.

Mas como já sublinhamos, esse conceito que despersonaliza o nosso Criador não é exclusividade das seitas e religiões orientais. Uma corrente teológica, conhecida dentro do protestantismo como liberalismo teológico, ou ainda Teologia Liberal, possui crença semelhante.

É evidente que as duas formas de pensar partem de pressupostos diferentes na exposição de suas crenças sobre a divindade, mas a conclusão é essencialmente a mesma. O "deus" delas não passa de um fluido cósmico a vagar pelo universo.
A Enciclopédia Históríco-teológica da Igreja Cristã observa que "o liberalismo teológico, conhecido também como modernismo, é a grande mudança no pensamento teológico, ocorrida em fins do século 19. É um conceito extremamente enganoso".
A doutrina liberal tem suas raízes fincadas no iluminismo, também denominado de Idade da Razão. Esse movimento surgiu com os pensadores ocidentais entre os séculos 17 e 18.
Esse movimento pregava a "emancipação da humanidade" ao rejeitar as autoridades externas como fontes de conhecimento.
A autoridade da igreja e, consequentemente, a autoridade bíblica foram duramente questionadas pelos iluministas. Essa forma de entender o homem e o mundo lançaria as bases daquilo que a filosofia chama de modernidade.

Na modernidade, somente aquilo que podia passar pelo crivo da razão (ciência) era digno de crédito. As verdades bíblicas, por serem fruto de uma revelação e não podendo ser comprovadas, deveriam ser postas de lado.
Essa nova maneira de pensar iria influenciar grandemente a Teologia Liberal do século 19.

Champlin ainda observa que "o liberalismo religioso, ou talvez mais apropriadamente o neoprotestantismo, foi um desenvolvimento da teologia alemã posterior ao iluminismo. De fato, um produto do iluminismo".

Um dos mais destacados teólogos liberais foi Rudolf Bultman (1884-1976). Bultman foi quem introduziu na Teologia Liberal o conceito de demitização. Para ele, o Novo Testamento estava impregnado de linguagem mitológica.
Os próprios milagres operados por Cristo e narrados nas páginas neotestamentárias careciam ser demitizados para que fossem entendidas as lições teológicas que eles traziam. Em palavras mais simples, Bultman acreditava que as crenças bíblicas em anjos, céu, milagres, demónios etc, não passavam de mitos que careciam ser interpretados ou "demitizados".

Stanley J. Grenz observa ainda que "o liberalismo deseja adaptar a religião ao pensamento e à cultura moderna". Com essa perspectiva puramente humanística, a Teologia Liberal acabou por confundir dois importantes pressupostos da teologia cristã: os conceitos de transcendência e imanência.
Enquanto o primeiro afirma que Deus é um ser totalmente distinto e separado da criação, o segundo diz que Deus está constantemente envolvido com a criação, mas sem se confundir com ela. R. V. Pierard observa que "uma ideia central da Teologia Liberal é a imanência divina.

Deus é considerado presente, habitando dentro do  mundo, e não à parte do mundo nem elevado acima deste como Ser transcendente.
Ele é a alma ávida do mundo, bem como o seu Criador. Dessa forma, Deus é encontrado na totalidade da vida e não somente na Bíblia ou em alguns poucos eventos reveladores. Por Ele estar presente e operando em tudo quanto acontece, não pode haver distinção alguma entre o natural e o sobrenatural".
Trocando em miúdos, o "deus" da Teologia Liberal, a exemplo da divindade da Nova Era, passa a ser um ser impessoal, uma forma de energia que preenche o universo.

Tanto o Movimento da Nova Era como o liberalismo teológico caíram no mesmo erro.

O primeiro, querendo se ajustar a todas as formas de espiritualismo existentes, transformou Deus em um fluido; enquanto o segundo, querendo se ajustar aos pressupostos da ciência positiva, transformou Deus apenas em uma ideia vaga e distante. Todavia, devemos destacar que "o cristianismo sustenta que as comunidades cientificas e humanísticas têm se equivocado no conceito de Deus. Para a ciência, somente a matéria e real. Para as numerosas religiões que compõem o pensamento da Nova Era, somente o espírito é real.
O cristianismo faz uma discriminação entre as duas realidades: a espiritual è a física. Deus é parte integral de ambas as esferas. "Deus é espírito" (Jo 4.24). Apesar disso, também 'se fez carne e habitou entre nós' (Jo 1.14)" (George A Mather, 1993, pág. 326).

Por: PR. José Gonçalves
Fonte: Jornal Mensageiro da Paz, ano 77,número 1.468, pág. 16
Divulgação:Perto do Fim
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