A doutrina da Trindade tem servido de
escárnio e zombaria para os incrédulos e adeptos de seitas. Os cristãos
ortodoxos e conservadores, fiéis à Palavra de Deus, enfatizam a doutrina do
Pai, do Filho e do Espírito Santo - a Trindade.
I.
DEFININDO OS TERMOS
1. Verbo (Jo 1.1, 14).
O vocábulo “Verbo” é às vezes traduzido
por “Palavra”. O vocábulo original aqui para “Verbo” é Logos. Não tem
correspondente em língua moderna.
O Logos de Jo 1.1 não é impessoal, mas uma Pessoa; é o Verbo Eterno, que
se tomou Filho, o encarnado de Deus, quando foi gerado pelo Espírito Santo no
ventre de Maria, cumprindo-se assim a promessa de Deus: “Tu és meu Filho, eu
hoje te gerei” (SI 2.7; At 13. 33). A partir daí “o Verbo se fez carne e
habitou entre nós” (João 1.14) e “nele habita corporalmente toda a plenitude da
divindade” (Cl 2.9).
2. Filho. A expressão “Filho de Deus” revela a divindade de
Cristo.
É estultícia afirmar que Jesus não é
Deus, mas o “Filho de Deus”. O conceito de filho no pensamento judaico fala de
participação e de igualdade, como é o caso de “filho da luz”(Lc 16.8), “filhos
da ressurreição” (Lc 20.36). Jesus como “Filho de Deus” revela a sua deidade,
assim como seu título “Filho do homem” revela a sua humanidade.
a) Filho de Deus
revela a deidade absoluta (Jo 5.17).
Jesus declarou-se Filho de Deus. No versículo
seguinte o evangelista declara que
isso é o mesmo que ser igual a Deus.
“Por isso os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o
sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”
(Jo 5.18).
Algo semelhante encontramos em João
10.30-36. Jesus disse ser um com o Pai: “Eu e o Pai somos um” (v. 30). No
versículo 33 os judeus disseram: “Não te apedrejamos por obra boa alguma, mas
pela blasfêmia, porque sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo”, e no versículo
36, Jesus declarou-se Filho de Deus. Dessa forma fica claro que a declaração
“Filho de Deus” é uma afirmação da sua divindade.
b) O cristão é Filho de Deus?
A expressão “Filho de Deus”, aplicada a
Jesus, tem um sentido único e diferente no tocante à mesma expressão aplicada
aos salvos. Temos tal posição por adoção (Rm 8.15,23; G1 4.5; Ef 1.5), e não se
trata de uma questão de substância ou essência. Jesus não é meramente um filho
de Deus, mas o Filho de Deus num sentido único.
3. Filho
Unigénito.
A expressão “Filho Unigénito” revela a
divindade de Cristo.
a) No Novo Testamento.
Esta expressão aparece cinco vezes
concernente a Cristo: Jo 1.14,18; 3.16; 1 Jo 9.4.
b) Etimologia de “unigênito”.
O termo original é monogenes. “Mono”
significa único, e genes deriva de genos = raça, tipo (e não de gennao =
gerar). Isaque, por exemplo, é chamado unigênito de Abraão, e sabemos que
Abraão gerou também Ismael e outros filhos com Quetura (Gn 16.15; 25.1-4). Isto
mostra que a dita palavra reflete a idéia de natureza, caráter, tipo, e não de
geração. “Unigénito”, na Bíblia, significa portanto, o “único da espécie, único
do tipo”. Jesus é singular, único Filho de Deus que tem a essência do Pai.
II. DEFININDO A TRINDADE
1. O nome “Deus”.
O nome “Deus” tem variação de emprego
no seu sentido na Bíblia. Aparece com referência ao Pai sozinho, como Deus
verdadeiro e absoluto (Fp 2.11); em Jo 1.1: “...e o Verbo estava com Deus...”.
Com referência ao Filho, como Deus absoluto, com toda a sua plenitude (1 Jo
5.20; Cl 2.9) e na última parte de Jo 1.1: “...eo Verbo era Deus”. Da mesma
forma com relação ao Espírito Santo (At 5.3,4). Muitas vezes, se refere à
Trindade (1 Co 12.28).
2. O nome “Jeová”.
O mesmo acontece com o vocábulo Jeová,
ou Iavé, ou “SENHOR”, conforme nossas versões do Antigo Testamento. Refere-se
ao Pai (SI 110.1), ao Filho (Jr 23.5-6), ao Espírito Santo (2 Sm 23.2,3), e à
Trindade (Dt 6.4; SI 83.18). Convém salientar que a unidade de Dt 6.4: “Ouve ó
Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” é composta e não absoluta.
3. A Trindade bíblica.
Há um só Deus e Deus é um só (Dt 6.4; 1
Co 8.6; Ef 4.6). A Bíblia, entretanto, ensina que cada Pessoa da Trindade é
Deus absoluto em todaa sua plenitude. A Trindade, portanto, é a união de três
Pessoas distintas em uma só Divindade, e não em uma só Pessoa, pois a unidade
de Deus é composta e não absoluta, e isso em nada contradiz o princípio judaico-cristão
do monoteísmo.
4. Conceito.
Reiteramos aqui o que foi dito na lição
anterior sobre Deus subsisiindo como uma Trindade: “Pois existe uma única
Pessoa do Pai, outra do Filho, e outra do Espírito Santo. Mas a deidade do Pai,
do Filho e do Espírito Santo é toda uma só, a glória é igual e a majestade é
coe-tema”. O Filho não é parte da Divindade, mas Deus absoluto, e da mesma
forma o Espírito Santo. Devemos ter o cuidado de não confundir as Pessoas; isso
é muito importante, pois evita cairmos no Unicismo.
5. Trindade:
um termo técnico. O termo “Trindade”
não aparece na Bíblia. Ele surgiu na Igreja a partir do século II. Como já
vimos, é um termo que fala de Deus em três Pessoas. E o termo mais conveniente
para designar o Deus trino, que se revela através das Escrituras, como Pai,
Filho e Espírito Santo, apesar de ser ao mesmo tempo uno. É um mistério divino
que ultrapassa a nossa razão, mas pela fé sincera na Palavra de Deus
apreendemos essa doutrina fundamental.
6. A Trindade na Bíblia.
Gênesis 1.1, onde o nome hebraico para Deus,
Elohim, é plural, já mostra que essa unidade de Deus é composta. “Façamos o
homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gn 1.26); “Eis que o homem
é como um de nós, sabendo o bem e o mal” (Gn 3.22); “Desçamos e confundamos ali
a sua língua...” (Gn 11.7).
O batismo de Jesus (Mt 3.16,17); a
fórmula batismal (Mt 28.19); a distribuição dos dons espirituais (1 Co 12.4-6);
a bênção apostólica (2 Co 13.13) e a unidade da Igreja em Deus (Ef 4.4-6) são
provas bíblicas irrefutáveis da Trindade.
III. CADA PESSOA DA TRINDADE É DEUS VERDADEIRO
1. Deus.
A Bíblia diz que só um é chamado Deus
(Dt 4.35, 39; Is 44.6, 8; 45.5, 21; 46.9); no entanto, a Bíblia também diz que
cada uma destas Pessoas é Deus — o Pai (Jo 17.3; 1 Co 8.4,6; Ef 4.6); o Filho
(Jo 1.1; Rm 9.5; Hb 1.8,9 comp. SI 45.6,7; 1 Jo 5.20) e o Espírito Santo (At
5.3,4; 7.51 comp. SI 78.18,19). Um só Deus em três Pessoas e não em uma só
Pessoa.
2. Jeová (SENHOR em nossas versões).
As Escrituras Sagradas afirmam que
somente um é chamado Jeová (Dt 6.4; Ne 9.6; SI 83.18; Is 45.5,6; 18); no
entanto, nos ensinam que cada uma dessas Pessoas é Jeová — oPai(l Sm 2.2; 1 Cr
17.20; Is 37.20); o Filho (Is 40.3 comp. Mt 3.3; Jr 23.5,6) e o Espírito Santo
(Jz 15.14 comp. 16.20; Hb 3.7 comp. Êx
17.7,8: 2 Pe 1.21 comp. Nm 12.6).
3. Deus de Israel.
Segundo a Palavra de Deus, somente um é
chamado Deus de Israel (Dt 5.1,6,7). A Bíblia entretanto ensina que cada Pessoa
da Trindade é Deus de Israel — o Pai (SI 72.18); o Filho (Ez 44.2; Lc 1.16,17)
e o Espírito Santo (2 Sm 23.2,3).
5. SENHOR Deus.
A Bíblia nos ensina que somente um é
chamado SENHOR Deus (2 Sm 7.22); no entanto, ela mesma nos ensina que cada uma
dessas três Pessoas é SENHOR Deus — o Pai (Os 13.4); o Filho (Ez 44.2) e o
Espírito Santo (At 7.51 comp. 2 Rs 17.14).
IV. ATRIBUTOS NATURAIS DE CADA PESSOA DA TRINDADE
1. Onipotente.
O mesmo que Todo-poderoso. A Bíblia
afirma que somente Deus é onipotente (Dt 3.24; SI 89. 6-8; Is 43.12,13; Jr 10.6),
e ela mesma ensina também que cada uma dessas Pessoas é Onipotente — o Pai (2
Cr 20.6; Is 14.27; Ef 1.19); o Filho (Mt 28.18; Ap 1.8; 3.7) e o Espírito Santo
(Zc 4.6; Lc 1.35).
2. Eterno.
Significa que não teve origem e nem
terá fim. Um ser à parte da criação. A Bíblia é clara em ensinar que somente
Deus é eterno (Is 40.28; 41.4; 43.10, 13; 44.6), e com essa mesma clareza
ensina a Bíblia que cada uma das Pessoas da Trindade é Eterna — o Pai (SI 90.2;
93.2); o Filho (Is 9.6; Mq 5.2 Jo 1.1; 8.58; 17.5. 24; Ap 1.17,18) e Espírito
Santo (Gn 1.2; Hb 9.14).
3. Onipresente.
É o poder de estar em toda a parte do
universo ao mesmo tempo. Essa palavra não aparece na Bíblia, como também a
palavra Trindade. Porém, a evidência da onipresença está implícita em SI 139.7;
1 Rs 8.27; Jr 23.24.
É um termo teológico posterior. As
Santas Escrituras ensinam que somente Deus é Onipresente (Jr 23.23,24); no
entanto, revelam que cada uma dessas três Pessoas é Onipresente — o Pai (Am
9.2,3; Hb 4.13); o Filho (Mt 18.20; 28.20; Jo 3.13) e o Espírito Santo (SI 139.7-10;
1 Co 3.16; Jo 14.17).
4. Onisciente.
É o poder de saber todas as coisas. É
um termo teológico à parte das Escrituras. A Bíblia Sagrada afirma que somente
Deus é onisciente (1 Rs 8.39; Dn 2.20-22; Mt 24.36); no entanto, encontramos
nela que cada uma dessas Pessoas é onisciente — o Pai (1 Cr 28.9; Is 48.5-7 ;
42.9); o Filho (Mc 9.34,35; Jo 2.24, 25; 16.30; Lc 19.41-44; Jo 6.64; 18.4) e o
Espírito Santo (Ez 11.5; Rm 8.26,27; 1 Co 2.10,11; 1 Tm 4.1).
5. Criador.
As Escrituras Sagradas afirmam que
somente Deus é o Criador (Is 44.24; 45.5-7, 18), mas ao mesmo tempo ensinam que
cada uma destas três Pessoas é o Criador — o Pai (Ne 9.6; Jr 27.5; SI 146.6; At
14.15); o Filho (Jo 1.1-3; Cl 1.16-18; Hb 1.2, 10) e o Espírito Santo (Jó
26.13; 33.4; Si 104.30).
6. Vida.
A Bíblia diz que somente Deus é a fonte
da vida (Dt 32.39); no entanto, ela também afirma que cada uma dessas três
Pessoas é a Fonte da Vida — o Pai (SI 36.9; At 17.25, 28); o Filho (Jo 1.4;
11.25) e o Espírito Santo (Rm 8.2; Jó 33.4).
CONCLUSÃO
Esse estudo apresenta as bases bíblicas
da doutrina da Trindade. Deve ser usado sempre, e não meramente neste
trimestre, porque envolve a vida cristã e servirá de referência nos demais
estudos desse trimestre.
Fonte
Original:
Lições do 2° - Trimestre de
1997
Editora: CPAD
Fonte: perto-fim.blogspot.com.br