A Santíssima Trindade

A verdade a respeito de Deus é uma questão de vida ou morte. Essa doutrina envolve a Trindade, o Senhor Jesus, sua identidade, ministério e obra e o Espírito Santo. Adorar um deus errado significa também seguir a um' Jesus errado e cujo resultado é terminar também num céu errado.


O Senhor Jesus disse: "E a vida eterna é esta: que conheçam a ti só por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste", Jo 17.3.
A doutrina de Deus, chamada Teologia, uma disciplina da Teologia Sistemática, é parte do primeiro e grande mandamento (Mc 12.28-30).
A Bíblia diz que somente Jeová é Deus e qual não existe outro nem no Céu e nem na Terra (Dt 4.39 e IRs 8.39).

Essa unidade na deidade de Jeová não anula a  deidade absoluta do Filho e nem do Espírito Santo.
O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três Deuses, mas três Pessoas distintas em uma só Divindade, ou seja, um Deus em três Pessoas (Dt 6.4 e Mt 28.19).

O que é a Trindade?
As Escrituras aplicam esse nome "Deus" ao Pai (Fp 2.11), da mesma fornia ao Filho (Jo 1.1 e TJo 5.20) e ao Espírito Santo (At 5.3-4).
Aparece, na maioria das vezes, com referência à Trindade (Dt 6.4). Isso também ocorre com o nome Jeová. Com referência ao Pai sozinho (SI 110.1), ao Filho (compare Is 40.3; Mt 3.3) e ao Espírito Santo (Ez 8.1-3).

No entanto, aplica-se à Trindade (Dt 6.4 e SI 83.18). Vale lembrar que o nome "Deus", theos, no Novo Testamento grego, quando vem acompanhado do artigo definido e sem outra qualificação, é sempre uma referência ao Deus-Pai.
Se o Pai é o verdadeiro Deus, e da mesma forma o são também o Filho e o Espírito Santo, como fica o monoteísmo judaico-crisião?
As Escrituras ensinam que existe um só Deus e que Deus é um só. Isso vale tanto para o Velho Testamento (Dt 6.4) como para o Novo (Mc 12.29-30). O cristianismo é religião monoteísta (ICo 8.6).
  A mesma Bíblia que ensina haver um só Deus, e que Deus é um só, ensina também que tanto o Pai, o Filho, como o Espírito Santo é Deus.

Unidade composta
A doutrina da Trindade não contradiz o monoteísmo do Velho Testamento, pois convém salientar que a unidade de Deus, em Deuteronômio 6.4: “Ouve ó Israel o Senhor nosso Deus é o único Senhor”, é composta e não absoluta.
A palavra hebraica para essa unidade composta é echad (lê-se "errad"), que aparece nesse versículo, a mesma usada em Génesis 2.24, quando diz que marido e mulher são “uma só carne”. Unidade absoluta em hebraico é yachid (lê-se "iarrid"), como encontramos em Génesis 22.2.
A Trindade, portanto, não é triteísmo e é erro crasso comparar a Trindade bíblica, da religião cristã, com as tríades do paganismo, como fazem as Testemunhas de Jeová e outros grupos religiosos heterodoxos, para nos criticar.
Brahma, Vishnu e Shiva, por exemplo, na religião hindu, são três deuses e não uma trindade.
A Bíblia ensina o monoteísmo, a Trindade, portanto é a união de três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, em uma só Divindade, sendo iguais, eternas, da mesma substância, embora distintas, sendo Deus cada uma dessas Pessoas (Mt 28.19; ICo 12.4-6; 2Co 13.13 e Ef 4.4-6).
O Credo de Atanásio diz: "Não separamos as pessoas e nem confundimos a substância".

Resumo histórico
A palavra "trindade" é um termo técnico para designar um Deus em três Pessoas aplicada à Divindade no final do século 2 por Tertuliano em Contra Práxeas, II: “Todos são de um, por unidade de substância, embora ainda esteja oculto o mistério da dispensação que distribui a unidade numa Trindade, colocando em sua ordem os três Pai, Filho e Espírito Santo; três contudo,... não em substância, mas em forma, não em poder, mas em aparência, pois eles são de uma só substância e de uma só essência e de um poder só, já que é de um só Deus que esses graus e formas e aspectos são reconhecidos com o nome de Pai, Filho e Espírito Santo".
No segundo século da Era Cristã surgiram os que Tertuliano chamou de monarquianistas (do grego monarchia— "governo exercido por uma única pessoa"). Estavam divididos em dois grupos: dinânimos e modais.
Os monarquianistas dinâmicos, (do grego dynamis, "força, poder"), diziam que Deus deu força e poder a Jesus, adotando-o como Filho, negando assim a divindade absoluta de Jesus e também a Trindade.
Era o prenúncio do arianismo, que no início do quarto século negava a eternidade de Jesus, considerando Cristo um deus de segunda categoria, igual ao ensino das Testemunhas de Jeová. Essa doutrina dos dinâmicos era defendida por Teodoro de Bizãncio, Artemão e Paulo de Samosata.

Monarquianistas modais ensinavam que as três Pessoas da Divindade se manifestavam por vários modos, daí o nome modalista.
Eram defendidos por Noeto de Esmirna e Práxeas de Cartago. Ensinavam que o Pai nasceu e sofreu e que Jesus era o Pai. Por essa razão, no Ocidente, eles eram chamados de patripassianistas (do latim Pater "Pai" e passus de patrior, ''sofrer": o Pai se encarnou em Cristo e sofreu com Ele). Tertuliano disse que eles crucificaram o Pai e puseram em fuga o Espírito Santo.
No Oriente eram chamados sabelianistas, pois o heresiarca Sabélio foi quem mais se destacou na propagação dessa heresia. Segundo essa doutrina, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são apenas três aspectos da Divindade sendo, portanto, uma mesma Pessoa.
Sabélio usava a palavra "pessoa'' para cada Pessoa da Divindade, mas para ele essa “pessoa” tinha o sentido de máscara ou de manifestações diferentes de uma mesma pessoa divina.

Na sua concepção o Pai, o Filho e o Espírito Santo eram nomes de três estágios ou fases diferentes. Ele era Pai na Criação e na promulgação da Lei, Filho na encarnação e Espírito Santo na regeneração.
Essa doutrina foi combatida por Tertuliano em Contra Práxeas, quando pela primeira vez esse apologista usa o termo Trinitas ("Trindade") para a Divindade e depois por Hipólito e Origines.
O sabelianismo ganhou espaço por mais ou menos cem anos em Roma, Ásia Menor, Síria e Egito.
Em 263, Dionísio de Alexandria enfrentou o próprio Sabélio derrotando assim esse movimento. Depois disso o cristianismo passou a repudiar essas crenças e o combate a essa heresia continuou até que ela desapareceu completamente da história.

Depois de muitos séculos essa heresia foi trazida de volta, das profundezas do inferno, por John G. Scheppe, fundador da seita "Só Jesus", em 1913.
Os unicistas de hoje, como o Movimento Só Jesus, a Igreja Voz da Verdade, Tabernáculo da Fé. Igreja Local, Testemunhas de Jeová, dentre outros movimentos, têm suas raízes no antigo sabelianismo.
Tanto os antigos como os modernos negam a doutrina da Santíssima Trindade e defendem a crença de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam uma só Pessoa e não três Pessoas distintas em uma só Divindade.

O arianismo
O outro conceito heterodoxo sobre a Divindade foi o arianismo. Fundado entre 321-325, foi a maior controvérsia da história do cristianismo. Ário pregava que o Filho era criatura (doutrina advogada ainda hoje pelas Testemunhas de Jeová) e esta inovação sacudiu o cristianismo da época.
Foi por volta de 320 dC que Ário, de  Alexandria, Egito, encontrou em Provérbios 8.22, no texto da Septuaginta, o seguinte: "O Senhor me criou no princípio dos seus caminhos", e assim procurava fundamentar sua doutrina, de que Jesus era criatura, negando a doutrina da Trindade.
O imperador romano, Constantino, enviou 'mensageiros com o propósito de uma conciliação, mas foi tudo em vão, até que convocou um concílio, que aconteceu na cidade de Nicéia, em 325dC.

Até hoje não está claro se a "Sabedoria" de Provérbios 8.22 se refere a Cristo. Foi aplicada ao Filho por Tertuliano como um dos dois estágios da história do Logos (Contra Praxeas, VII).
Para Justino, o Mártir, esta sabedoria divina é o Logos (Diálogo com Trifon, LXI.), mas para Irineu a Sabedoria é o Espírito Santo (Contra Heresias Livro IV.XX).
Até hoje, muitos expositores da Bíblia não concordam em que essa sabedoria seja o Logos.
Essa interpretação da patrística não é uniforme, além disso, é questionada por muitos expositores, ao longo da história do cristianismo e, ainda que o fosse, fala de sua eternidade, pois, do contrário, seríamos obrigados a admitir que Deus esteve sem sabedoria na eternidade passada.

Os fundamentos da Trindade
A Trindade está fundamentada em toda a Bíblia. O Velho Testamento revela a pluralidade divina em várias passagens, a começar pelo nome divino Elohim. "Deus", que é plural, como podemos ver em Génesis 1.1. Veja o relacionamento dessas três Pessoas (Gn 1.26; 3.22; 11.7; Is 6.8 e Jo 17.5).
Apesar de a Bíblia ensinar a unidade de Deus, convém nunca perder de vista que "a Bíblia também ensina que Deus não é uma mônada estéril, mas existe eternamente em três pessoas".
"Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo", Mt 28-19.

A expressão "em nome" esta no singular. Os unicistas modernos dizem que esse "nome" é Jesus, portanto o nome de Jesus, segundo ele é "Pai, Filho e Espírito Santo", mas essa interpretação não esta correia.

A palavra "nome", no singular, é distributiva como no texto hebraico de Rute 1.2.
Embora apareça no plural na Versão Almeida Corrida: "e os nomes de seus dois filhos, Malom e Quiliom", no entanto, no hebraico e na Septuaginta esta no singular "e se refere tanto a Malom quanto a Quiliom, e não faz confusão entre eles.
Se tivesse sido empregado o plural, 'nomes, a Bíblia precisaria dar mais de um nome a cada".
O texto sagrado de Mateus 28.19 está falando de três Pessoas distintas em uma só Divindade. "Em nome"' quer dizer em nome de Deus, do único Deus que subsiste eternamente em três Pessoas.

"Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos", 1Co 12.4-6.
Como nessa Trindade não há primeiro nem último, as três pessoas são iguais, aqui estão na ordem inversa de Mateus 28.19 porque os capítulos 12, 13 e 14 de 1Coríntios tratam dos dons do Espírito Santo.
O culto cristão é adoração a Deus, e Deus, portanto é quem opera no culto.
"A graça do Senhor Jesus Cristo e o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo seja com vós todos". 2Co 13.13.

É a mais bela bênção das epístolas paulinas, conhecida como a bênção apostólica, que poderia também ser chamada de "bênção trinitariana",
A Trindade também se faz presente na bênção sacerdotal: "O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti. O Senhor sobre ti levante o seu rosto, e te dê a paz". Nm 6.24-26. Deus determinou que o sacerdote assim abençoasse os filhos de Israel.
"Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação: um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos".
Ef 4.4-6. Espírito Santo, e cada uma dessas três Pessoas desempenha um papel na Igreja.
O texto sagrado ensina o que está no Credo de Atanásio: não confundir as Pessoas, Pai é Pai, Filho é Filho e Espírito Santo é Espírito Santo. Um só Pai, um só Filho e um só Espírito Santo.

As três pessoas
O termo "Pessoa" é inadequado para aplicar às três identidades distintas da Trindade.
Os Pais da Igreja evitavam usar a palavra "pessoa" para identificar o Pai, o Filho e o Espírito Santo na Trindade.
A palavra "pessoa" vem do grego "mascara" usada para designar a máscara que o ator usava para representar um personagem no teatro grego.
Aplicando essa palavra para o que chamamos de "Pessoas" na Trindade, poderia induzir alguém ao sabelianismo ou modalismo.
Por essa razão os Pais da Igreja preferiam chamar essas "Pessoas" de homoousios, "um ser", ou hipostasis, "forma de ser ou de existir" .
O nosso conceito da palavra "pessoa", diz respeito à parte consciente do homem que pensa, decide e sente, constitui seu caráter, identidade e individualidade. Por isso não devemos confundir "pessoa" com o "homem".
A pessoa é o "eu" de cada um. É até possível o uso alternativo de "pessoa'' e "homem" como ser, indivíduo, sujeito, personalidade, identidade, caráter, mas isso nunca deve acontecer quando o assunto diz respeito às três Pessoas da Trindade.
Nesse caso é necessário haver restrição, pois não se trata de três seres, indivíduos ou sujeitos, mas de três identidades conscientes.
A Trindade é a união de três identidades pessoais em um só Ser, Indivíduo, Deus, uma só substância ou essência. A natureza divina é uma, mas as Pessoas divinas três.
Quando falamos, portanto, das três Pessoas da Trindade não estamos falando de três Seres.
Tudo o que sabemos sobre a Trindade vem das Escrituras Sagradas. Os credos são explicações de uma doutrina revelada na Palavra de Deus.
Nosso conceito de Trindade é nos termos do Credo Atanasiano: “Adoramos um Deus em trindade, e trindade em unidade. Não confundimos as Pessoas, nem separamos a substância. Pois a pessoa do Pai é uma, a do Filho outra, e a do Espírito Santo, outra”.
As palavras chave são confundir e separar. As Testemunhas de Jeová separam a substância e os unicistas confundem as Pessoas.

Por: PR. Esequias Soares
Fonte: Resposta Fiel, ano 3 – n°7
Divulgação: Perto do Fim - Site Cristão
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