O
ser humano é sociável por natureza, mas, no exercício da socialização, existem
alguns elementos primários que devem ser observados, especialmente na formação
do casal e dos filhos que permeiam o lar: a argumentação, o convencimento e a
persuasão.
Tratam-se de elementos que trabalham entre a razão e a emoção. É
através desse processo (argumentação-con-vencionamento-persuasão) que se
estabelece o perfil e o caráter (personalidade) da família desde seus primeiros
dias de existência. Os três níveis da comunicação para a formação do ser humano
são:
1) Argumentação: É um agrupamento de
ideias ou conhecimento que os pais devem terno seu bojo familiar. É um
ajuntamento de "tijolos" para construir o edifício do conhecimento.
Argumentar é trabalhar no campo das ideias. Pensando nessa direção, ser pai e
mãe não é tão simples assim, principalmente neste mundo pós-moderno. Precisamos
buscar conhecimento para formar um lar sadio.
2) Convencimento: Esse vocábulo é
composto da preposição "com" + o verbo "vencer". Significa,
portanto, "vencer com". Convencer não é um esmagamento das ideias do
outro, mas é entrar no mundo da verdade do outro e vencer as dúvidas juntos.
Convencimento é atingir ou trabalhar na esfera do intelecto proporcionando
razão e lógica para o ouvinte, alvo do discurso. Convencer é um ato de
cooperatividade para alcançar o conhecimento. Os casais sofrem para alcançar o
sucesso relacional quando se tem ausência de conhecimento no processo formativo
do lar.
2) Cultura de massa: A manipulação em massa
pela mídia tornou-se um ranço de nocividade descomunal. Sua ação devastadora
tem desestimulado a verdadeira cultura (educação) de base.
A
cultura de massa vem tolhendo o crescimento racional da população, vendendo
ignorância, promiscuidade e indiferença, formando uma sociedade egocêntrica,
dificultando o relacionamento interpessoal no seu todo.
3) Persuasão: A palavra persuasão é
composta de dois vocábulos "per" + "suada". A preposição
"per" quer dizer "por meio de", já a palavra
"suada" vem do nome de uma deusa da mitologia greco-romana. A persuasão
é o último estágio da empregabilidade do sucesso conjugal. Persuadir é atingir
o campo das emoções, ou seja, o mundo dos sentimentos. Portanto, persuadir é
falar dentro do sentimento do parceiro. O termo gregopathos significa "sentimento". Os cônjuges precisam
da empatia um do outro para tocar os sentimentos. Persuadir significa fazer com
que o parceiro faça o que lhe é solicitado, mas de forma espontânea, ou seja,
obrigado pela corrente do amor.
Em
virtude do avanço científico, o ser humano está diante de duas duras realidades
para serem refletidas no processo formativo no lar.
1) Explosão demográfica: Cientistas do século 18
já advertiam sobre o crescimento em demasia da população, cujas alterações
teriam seríssimas consequências na ordem
social.
Essas
barreiras na sociedade causaram lentidão na educação relacional e racional,
detendo o sucesso de muitas pessoas, principalmente no âmbito da formação
conjugal e do lar.
Saber
argumentar é, em primeiro lugar, saber integrar-se ao universo do outro. É
também obter aquilo que queremos, mas de modo cooperativo e construtivo,
traduzindo nossa verdade dentro da verdade do outro. O verdadeiro sucesso
depende da habilidade de relacionamento interpessoal, da capacidade de
compreender e comunicar ideias e emoções.
Mutações da
formação familiar
Ao
longo de séculos e décadas, a formação familiar submeteu-se aparadigmas
diferentes que denotaram épocas e estilos totalmente distintos um do outro. Os
sistemas e estilos educacionais no tocante à formação familiar são conhecidos
como patriarcal, nuclear e indivíduo. Esses sistemas são os que determinam o
perfil da sociedade em cada época.
a) Sistema Patriarcal:
A
educação patriarcal teve uma boa longevidade, ela está no seio de todos os
sistemas governamentais em nosso país e em escala mundial.
A
sociedade pós-moderna tem aversão por algumas formas de conduta do sistema
patriarcal, mas muitas nuances dessa educação estão fazendo falta para os
nossos dias.
No
sistema patriarcal, o jovem casava levando para o seu bojo familiar uma
autoridade de governo familiar e, ao estabelecer a sua geração, exercia
influência de caráter educacional nos filhos, nos netos & bisnetos; ou
seja, o patriarca era a fonte do saber, que norteava a formação familiar de
todos os seus descendentes. Esse sistema permitia que as famílias fossem mais
relacionais, cuja fonte de vínculos fraternos era os pais.
O
patriarcalismo produzia uma sociedade com mais interesse um pelo outro, apesar
dos paradigmas rudes e às vezes esmagadores.
A
pós-modernidade tem saudades de algumas das nuances do sistema patriarcal,
principalmente quando nos referimos ao desequilíbrio comportamental dos jovens
e adolescentes da sociedade vigente.
b) Sistema nuclear:
Com
a evolução científica e industrial, houve uma mudança de comportamento familiar
e consequentemente social. A relação familiar foi se desprendendo dos laços que
uniam pais e filhos, avós e bisavós. Esse novo sistema empreendeu atenção
restrita a país e filhos debaixo do mesmo teto, criando um desligamento da
parentela num sentido lato. Os laços familiares foram diminuindo e a
convivência passou a ser esporádica e distante. Com essa nova forma de ver o
mundo social, os idosos perderam sua influência educacional e social. O idoso,
que era o espelho do saber, perdeu sua importância no mundo pós-moderno.
Essas
quebras de paradigmas foram influenciadas pelo avanço do capitalismo e
naturalmente pelo avanço da ciência.
As
novas modalidades de vida demandam uma mudança de comportamento educacional. A
ciência e o capitalismo propiciaram muitos recursos que melhoraram nossa
qualidade de vida em alguns aspectos, mas nos tiraram muitos valores que eram
fundamentais para a estabilidade familiar.
Essas
perdas se contrapõem à nossa formação cristã em muitos aspectos, pelo fato de
que a Bíblia traz uma educação patriarcal e esse destoamento ideológico entre a
pós-modernidade provocou uma turbulência comportamental, dificultando o
discernimento entre o sagrado e o profano. A igreja teve que buscar
alternativas que permitissem a sua fluência na sociedade nuclear.
O
sistema que apresentaremos a seguir é muito hostil à saúde conjugal. É o mais
voraz contra os princípios bíblicos e deu asas a uma terrível peste do século
chamada de egocentrismo.
c) Sistema
individualista:
A
temática vigente propicia uma liberdade de escolha e decisões para todos os
níveis de idade, tolhendo os pais de exercerem influência nas tomadas de
decisões dos filhos. O texto áureo dessa nova forma de educação é "Que
todos os desejos do seu mundo sensitivo sejam contemplados". Ou seja,
"Siga o seu coração".
O
sistema individualista faccionou a família. Hojeuma jovem chegaàsua maior idade
e já está postulando o direito de morar sozinha; o jovem, da mesma forma,
abandona o lar antes do casamento, adquire o hábito de viver sozinho e, quando
postula por um casamento, não o consegue levar avante, por ter adquirido a prática
da solidão e da intolerância. Não se sujeita a mais ninguém.
Dentro
dessa visão, está se formando uma sociedade individualista. Muitos filhos são
criados sem participarem da união conjugal dos pais. Eles não conseguem buscar
uma identidade relacional por serem criados sozinhos e essa solidão desencadeia
uma série de prejuízos na composição da sociedade, sendo uma prática de
formação contraditória à Bíblia.
Jesus
disse: "Amarás o próximo como a ti mesmo", Mt 19.19. É um grito de
alerta contra os tempos difíceis e a favor da perpetuação da família e de sua
saúde. A estabilidade da sociedade depende de uma boa estrutura na família e
isso só será consolidado com uma boa relação conjugal.
Por: PR.
Gessé Luiz
Fonte: Jornal Mensageiro da Paz, ano 77,número 1.468,
pág. 27
Divulgação: Perto do Fim