Este versículo
alista os dons de ministério (i.e., líderes espirituais dotados de dons) que
Cristo deu à igreja. Paulo declara que Ele deu esses dons
(1) para preparar
o povo de Deus ao trabalho cristão (Ef 4.12) e
(2) para o
crescimento e desenvolvimento espirituais do corpo de Cristo, segundo o plano
de Deus (Ef 4.13-16).
APÓSTOLOS.
O título
“apóstolo” se aplica a certos líderes cristãos no NT. O verbo apostello
significa enviar alguém em missão especial como mensageiro e representante
pessoal de quem o envia. O título é usado para Cristo (Hb 3.1), os doze
discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2), o apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2Co 1.1;
Gl 1.1) e outros (At 14.4,14; Rm 16.7; Gl 1.19; 2.8,9; 1Ts 2.6,7).
(1)
O termo “apóstolo” era usado no NT em sentido geral,
para um representante designado por uma igreja, como, por exemplo, os primeiros
missionários cristãos. Logo, no NT o termo se refere a um mensageiro nomeado e
enviado como missionário ou para alguma outra responsabilidade especial (ver At
14.4,14; Rm 16.7; cf. 2Co 8.23; Fp 2.25).
Eram homens de
reconhecida e destacada liderança espiritual, ungidos com poder para
defrontar-se com os poderes das trevas e confirmar o Evangelho com milagres.
Cuidavam do estabelecimento de igrejas segundo a verdade e pureza apostólicas.
Eram servos itinerantes que arriscavam suas vidas em favor do nome de nosso
Senhor Jesus Cristo e da propagação do evangelho (At 11.21-26; 13.50; 14.19-22;
15.25,26).
Eram homens de fé
e de oração, cheios do Espírito (ver At 11.23-25; 13.2-5,46-52; 14.1-7,21-23).
(2) Apóstolos, no
sentido geral, continuam sendo essenciais para o propósito de Deus na igreja.
Se as igrejas cessarem de enviar pessoas assim, cheias do Espírito Santo, a
propagação do evangelho em todo o mundo ficará estagnada. Por outro lado,
enquanto a igreja produzir e enviar tais pessoas, cumprirá a sua tarefa missionária
e permanecerá fiel à grande comissão do Senhor (Mt 28.18-20).
(3) O termo
“apóstolo” também é usado no NT em sentido especial, em referência àqueles que
viram Jesus após a sua ressurreição e que foram pessoalmente comissionados por
Ele a pregar o evangelho e estabelecer a igreja (e.g., os doze discípulos e
Paulo). Tinham autoridade ímpar na igreja, no tocante à revelação divina e à
mensagem original do evangelho, como ninguém mais até hoje (ver 2.20 nota).
O ministério de
apóstolo nesse sentido restrito é exclusivo, e dele não há repetição. Os
apóstolos originais do NT não têm sucessores (ver 1Co 15.8 nota).
PROFETAS.
Os profetas eram
homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo, e cuja motivação e
interesse principais eram a vida espiritual e pureza da igreja. Sob o novo
concerto, foram levantados pelo Espírito Santo e revestidos pelo seu poder para
trazerem uma mensagem da parte de Deus ao seu povo (At 2.17; 4.8; 21.4).
(1) O ministério
profético do AT ajuda-nos a compreender o do NT. A missão principal dos
profetas do AT era transmitir a mensagem divina através do Espírito, para
encorajar o povo de Deus a permanecer fiel, conforme os preceitos da antiga
aliança. Às vezes eles também prediziam o futuro conforme o Espírito lhes revelava
(ver o estudo O PROFETA NO ANTIGO TESTAMENTO).
Cristo e os
apóstolos são um exemplo do ideal do AT (At 3.22,23; 13.1,2).
(2)
A função do profeta na igreja incluía o seguinte:
(a) Proclamava e
interpretava, cheio do Espírito Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina.
Sua mensagem visava admoestar, exortar, animar, consolar e edificar (At
2.14-36; 3.12-26; 1Co 12.10; 14.3).
(b) Devia exercer
o dom de profecia (ver o estudo DONS ESPIRITUAIS PARA O CRENTE).
(c) Às vezes, ele
era vidente (cf. 1Cr 29.29), predizendo o futuro (At 11.28; 21.10,11).
(d) Era dever do
profeta do NT, assim como para o do AT, desmascarar o pecado, proclamar a
justiça, advertir do juízo vindouro e combater o mundanismo e frieza espiritual
entre o povo de Deus (Lc 1.14-17).
Por causa da sua
mensagem de justiça, o profeta pode esperar ser rejeitado por muitos nas
igrejas, em tempos de mornidão e apostasia.
(3)
O caráter, a solicitude espiritual, o desejo e a capacidade do profeta incluem:
(a) zelo pela
pureza da igreja (Jo 17.15-17; 1Co 6.9-11; Gl 5.22-25);
(b) profunda
sensibilidade diante do mal e a capacidade de identificar e detestar a iniquidade
(Rm 12.9; Hb 1.9);
(c) profunda
compreensão do perigo dos falsos ensinos (Mt 7.15; 24.11,24; Gl 1.9; 2Co
11.12-15);
(d) dependência
contínua da Palavra de Deus para validar sua mensagem (Lc 4.17-19; 1Co 15.3,4;
2Tm 3.16; 1Pe 4.11);
(e) interesse pelo
sucesso espiritual do reino de Deus e identificação com os sentimentos de Deus
(cf. Mt 21.11-13; 23.37; Lc 13.34; Jo 2.14-17; At 20.27-31).
(4) A mensagem do
profeta atual não deve ser considerada infalível. Ela está sujeita ao
julgamento da igreja, doutros profetas e da Palavra de Deus. A congregação tem
o dever de discernir e julgar o conteúdo da mensagem profética, se ela é de
Deus (1Co 14.29-33; 1Jo 4.1).
(5) Os profetas
continuam sendo imprescindíveis ao propósito de Deus para a igreja.
A igreja que
rejeitar os profetas de Deus caminhará para a decadência, desviando-se para o
mundanismo e o liberalimo quanto aos ensinos da Bíblia (1Co 14.3; cf. Mt
23.31-38; Lc 11.49; At 7.51,52). Se ao profeta não for permitido trazer a mensagem
de repreensão e de advertência denunciando o pecado e a injustiça (Jo 16.8-11),
então a igreja já não será o lugar onde se possa ouvir a voz do Espírito.
A política
eclesiástica e a direção humana tomarão o lugar do Espírito (2Tm 3.1-9; 4.3-5;
2Pe 2.1-3,12-22). Por outro lado, a igreja com os seus dirigentes, tendo a
mensagem dos profetas de Deus, será impulsionada à renovação espiritual. O
pecado será abandonado, a presença e a santidade do Espírito serão evidentes
entre os fiéis (1Co 14.3; 1Ts 5.19-21; Ap 3.20-22).
EVANGELISTAS.
No NT,
evangelistas eram homens de Deus, capacitados e comissionados por Deus para
anunciar o evangelho, i.e., as boas novas da salvação aos perdidos e ajudar a
estabelecer uma nova obra numa localidade. A proclamação do evangelho reúne em
si a oferta e o poder da salvação (Rm 1.16).
(1) Filipe, o
“evangelista” (At 21.8), claramente retrata a obra deste ministério, segundo o
padrão do NT.
(a) Filipe pregou
o evangelho de Cristo (At 8.4,5,35).
(b) Muitos foram
salvos e batizados em água (At 8.6,12).
(c) Sinais,
milagres, curas e libertação de espíritos malignos acompanhavam as suas
pregações (At 8.6,7,13).
(d) Os novos
convertidos recebiam a plenitude do Espírito Santo (At 8.14-17).
(2) O evangelista
é essencial no propósito de Deus para a igreja. A igreja que deixar de apoiar e
promover o ministério de evangelista cessará de ganhar convertidos segundo o
desejo de Deus. Tornar-se-á uma igreja estática, sem crescimento e indiferente
à obra missionária. A igreja que reconhece o dom espiritual de evangelista e
tem amor intenso pelos perdidos, proclamará a mensagem da salvação com poder
convincente e redentor (At 2.14-41).
PASTORES. Os
pastores são aqueles que dirigem a congregação local e cuidam das suas necessidades
espirituais. Também são chamados “presbíteros” (At 20.17; Tt 1.5) e “bispos” ou
supervisores (1Tm 3.1; Tt 1.7).
(1) A tarefa do
pastor é cuidar da sã doutrina, refutar a heresia (Tt 1.9-11), ensinar a
Palavra de Deus e exercer a direção da igreja local (1Ts 5.12; 1Tm 3.1-5), ser
um exemplo da pureza e da sã doutrina (Tt 2.7,8), e esforçar-se no sentido de
que todos os crentes permaneçam na graça divina (Hb 12.15; 13.17; 1Pe 5.2). Sua
tarefa é assim descrita em At 20.28-31: salvaguardar a verdade apostólica e o
rebanho de Deus contra as falsas doutrinas e os falsos mestres que surgem
dentro da igreja (ver o estudo OS PASTORES E SEUS DEVERES).
Pastores são
ministros que cuidam do rebanho, tendo como modelo Jesus, o Bom Pastor (Jo
10.11-16; 1Pe 2.25; 5.2-4).
(2) Segundo o NT,
uma igreja local era dirigida por um grupo de pastores (At 20.28; Fp 1.1). Os
pastores eram escolhidos, não por política, mas segundo a sabedoria do Espírito
concedida à igreja enquanto eram examinadas as qualificações espirituais do
candidato (ver o estudo QUALIFICAÇÕES MORAIS DO PASTOR).
(3) O pastor é
essencial ao propósito de Deus para sua igreja. A igreja que deixar de
selecionar pastores piedosos e fiéis não será pastoreada segundo a mente do
Espírito (ver 1Tm 3.1-7). Será uma igreja vulnerável às forças destrutivas de
Satanás e do mundo (ver At 20.28-31). Haverá distorção da Palavra de Deus, e os
padrões do evangelho serão abandonados (2Tm 1.13,14). Membros da igreja e seus
familiares não serão doutrinados conforme o propósito de Deus (1Tm 4.6,14-16;
6.20,21). Muitos se desviarão da verdade e se voltarão às fábulas (2Tm 4.4).
Se, por outro lado, os pastores forem piedosos, os crentes serão nutridos com as
palavras da fé e da sã doutrina, e também disciplinados segundo o propósito da
piedade (1Tm 4.6,7).
DOUTORES
OU MESTRES.
Os mestres são
aqueles que têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a
Palavra de Deus, a fim de edificar o corpo de Cristo (4.12).
(1) A missão dos
mestres bíblicos é defender e preservar, mediante a ajuda do Espírito Santo, o
evangelho que lhes foi confiado (2Tm 1.11-14). Têm o dever de fielmente
conduzir a igreja à revelação bíblica e à mensagem original de Cristo e dos
apóstolos, e nisto perseverar.
(2) O propósito
principal do ensino bíblico é preservar a verdade e produzir santidade, levando
o corpo de Cristo a um compromisso inarredável com o modo piedoso de vida
segundo a Palavra de Deus.
As Escrituras declaram
em 1 Tm 1.5 que o alvo da instrução cristã (literalmente “mandamento”) é a
“caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não
fingida” (1Tm 1.5). Logo, a evidência da aprendizagem cristã não é simplesmente
aquilo que a pessoa sabe, mas como ela vive, i.e., a manifestação, na sua vida,
do amor, da pureza, da fé e da piedade sincera.
(3) Os mestres são
essenciais ao propósito de Deus para a igreja.
Por outro lado, a
igreja que acata os mestres e teólogos piedosos e aprovados terá seus ensinos,
trabalhos e práticas regidos pelos princípios originais e fundamentais do
evangelho. Princípios e práticas falsos serão desmascarados, e a pureza da
mensagem original de Cristo será conhecida de seus membros.
A inspirada Palavra de Deus
deve ser o teste de todo ensino, ideia e prática da igreja. Assim sendo, a
igreja verá que a Palavra inspirada de Deus é a suprema autoridade, e, por
isso, está acima das igrejas e suas instituições.
Adaptado dos Escritos de: DONALD C.
STAMPS
Fonte
Original:
Bíblia de Estudo Pentecostal
Editora: CPAD
Fonte: perto-fim.blogspot.com.br