Dentro do universo dos
costumes judaicos, encontramos aquele intitulado de voto de nazireado.
De acordo com o rabino
Menhahem Mendel Disendruck, dava-se o qualitativo de Nazir nazireu à pessoa
que se consagrava durante certo tempo ou por toda a vida a Deus.
Diesendruck observa que o Nazir deveria abster-se de beber vinho
ou comer qualquer produto da videira, de cortar o cabelo e de aproximar-se de
mortos, inclusive se estes fossem seus parentes.
Abstinha-se ainda dos prazeres permitidos pela lei, gastando seu
tempo em oração e fazendo boas obras.
Essa prática estava regulamentada em Números 6.1-21. Os seis
primeiros versículos dessa Escritura, dizem: "E falou o Senhor a Moisés,
dizendo: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando um homem ou mulher se
tiver separado, fazendo voto de nazireu, para se separar para o Senhor, de
vinho e de bebida forte se apartará; vinagre de vinho ou vinagre de bebida
forte não beberá; nem beberá alguma beberagem de
uvas; nem uvas frescas nem secas comerá. Todos
os dias do seu nazireado, não comerá de coisa alguma que se faz da vinha, desde
os caroços até às cascas. Todos os dias do voto do seu nazireado sobre a sua
cabeça não passará navalha; até que se cumpram os dias, que se separou para o
Senhor, santo será, deixando crescer as guedelhas do cabelo da sua cabeça.
Todos os dias que se separar para o Senhor, não se chegará a corpo de um
morto".
Paulo procurou desjudaizar a Igreja
Precisamos entender que Paulo viveu numa época ímpar da história da
Igreja; na verdade, ele ajudou a escrevê-la.
O apóstolo foi responsável pela grande transição entre o judaísmo
e o cristianismo. Ele não pode ser pego como exemplo de cristão que tentou
judaizar a igreja levando os cristãos a terem uma vida estritamente de acordo
com os costumes judaicos.
Pelo contrário, Paulo esforçou-se no sentido de mostrar aos
cristãos que a Lei fora um tipo que apontava para Cristo. Ele procurou
desjudaizar a Igreja.
A observância do voto de nazireado por parte de
Paulo – Atos 21.24
A observância do
voto de nazireado por parte do apóstolo dos gentios em Atos 21.24 tivera suas
razões contextuais dentro da igreja primitiva.
As
ocorrências dessas práticas por parte do apóstolo são perfeitamente
justificáveis. A propósito, o expositor bíblico Stanley M. Horton comenta que
isso mostraria aos crentes e a todos em Jerusalém que Paulo não ensinava os
crentes judeus a irem contra os costumes de seus pais.
Seria também uma resposta a todas as falsas coisas ditas a respeito
de Paulo, e demonstraria que o próprio apóstolo andava corretamente e era
observador da Lei. Como Paulo disse aos coríntios, para com os judeus ele
fez-se judeu e para
com os que estavam debaixo da lei, fez-se como se estivesse debaixo da lei (lCo
9.20).
Horton ainda observa oportunamente
que Paulo sabia que estas cerimónias judaicas não tinham
valor algum no que diz respeito à salvação, mas reconhecia que elas tinham
valor simbólico ou didático para os crentes judeus.
Eles realizavam essas coisas não para ganharem a salvação, nem
para se colocar em relação certa com Deus, mas para expressar uma dedicação a
Deus que já estava estabelecida em seus corações através de Cristo e da
aceitação de Sua obra na cruz.
Ao comentar a decisão de
Paulo em se submeter ao voto do nazireado em Atos 21.23-36, o Comentário
Bíblico Moody observa que não há nenhuma inconsistência fundamental entre
o desejo de Paulo, na qualidade de judeu, de observar a lei e sua insistência
inflexível em que os crentes gentios não fossem colocados debaixo da lei, uma
vez que estavam sob a graça.
Como nova criatura
em Cristo Jesus, nem a circuncisão ou incircuncisão tinham
qualquer importância para Paulo (Gl 6.15).
Como enfatiza a referida obra, Paulo considerava tais práticas
religiosas com indiferença, pois o mundo fora crucificado para ele e ele para o
mundo (Gl 6.14). Ele mesmo já havia dito que se um homem fora convertido como
judeu, deveria permanecer judeu (l Co 7.18), pois a circuncisão em si mesma
nada significava.
Os cristãos judeus deveriam guardar a lei como judeus, não como
cristãos. Mas, quando esforços foram feitos para se impor a lei aos cristãos
gentios como base para a salvação, Paulo objetou e insistiu na liberdade
completa da lei.
Devemos, pois, atentar para
os princípios por trás da prática do apóstolo dos gentios e não da prática
em si.
Adaptado dos Escritos de: José
Gonçalves
Fonte
Original:
Jornal Mensageiro da Paz
Editora: CPAD
Fonte: perto-fim.blogspot.com.br